A tríplice semântica do gênero: tensões e disputas na teoria feminista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/folio.v15i2.15702

Palavras-chave:

Gênero, Relações Sociais de Sexo, Feminismo, Judith Butler

Resumo

Por que a palavra “gênero” passou a ser empregada por autoras que na verdade querem dizer “mulheres” ou “sexo” ou mesmo “rapports sociaux de sexe”, se tais categorias já eram efetivamente usadas antes da formulação do gênero como um conceito? Aquilo que aqui chamamos de tríplice semântica do gênero deve ser entendida a partir de sua articulação com as condições de sua produção, e também com uma análise fundamentada de sua difusão e sua posição atual nas Ciências Sociais e Humanidades. Embora o objetivo deste artigo não seja examinar essas relações, alguns pontos importantes merecem atenção, como uma maneira de indicar possíveis caminhos para que se compreenda em futuras pesquisas essa tríplice semântica. Algumas questões são cruciais para a compreensão da circulação, difusão e recepção do conceito de gênero, bem como para realizar a análise de possíveis consequências teóricas, conceituais e institucionais da elaboração e circulação desse conceito – tanto no campo acadêmico quanto em suas intersecções com o campo político. Esse mapeamento, aqui proposto como um ponto de partida para futuras pesquisas, permite fundamentar com maior propriedade futuras análises sobre a circulação internacional do conceito de gênero e a própria formação dos Estudos de Gênero, Feministas e da Mulher. Ele indica, junto à proposta de compreender os usos do “gênero” como uma tríplice semântica, a necessidade de uma articulação teórico-empírica que permita elucidar processos não apenas sociais mas também epistêmicos envolvidos na circulação e sobretudo, na conformação de um conceito como sendo a forma dominante de abordar determinado problema social ou sociológico. Se, por um lado, o presente artigo se concentrou na variação de usos e abordagens que produzem distintos sentidos para um termo que, originalmente, é um conceito; por outro deixamos indicados, como conclusão, cinco pontos fundamentais na busca pela contextualização mais aprofundada dos processos pelos quais essa variação passou a existir. É apenas, portanto, na articulação dessas duas dimensões analíticas, que pode haver alguma contribuição ligeiramente mais completa para a compreensão das Ciências Sociais e Humanidades sobre processos dessa natureza.

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Publicado

2024-12-21

Como Citar

Moschkovich, M. ., & Martins Valle, R. (2024). A tríplice semântica do gênero: tensões e disputas na teoria feminista. fólio - Revista De Letras, 15(2), 132-147. https://doi.org/10.22481/folio.v15i2.15702

Edição

Seção

DOSSIÊ