Voz identidade
DOI:
https://doi.org/10.22481/folio.v15i2.15738Palavras-chave:
Apresentação, Literatura Menor, Voz, Multiletramento, Feminismo, Gênero, Identidade, Voz como identidade, Oralidade, Arcabouços orais, Voz coletiva, Língua de acolhimento, Autobiografia, Biografia, Vozes minoritárias, Mulheres indígenas, Filosofia do sujeito, Intencionalidade, Filologia comparada, Restitutio textus, Ensino de língua, Formação docente, Toponímia, Cultura e território, Crítica literária, Identifidade feminina, podcast, Neoconservadorismo, Extrema direitaResumo
Apresentação do segundo número do volume 15 (2024) de fólio - revista de letras.
Não são “ecos do passado” o que se transmite pela voz nas tradições orais. O eco não tem uma intencionalidade na repetição e apenas decresce, não aumenta nem inventa. As tradições orais, que se perpetuam com a voz, na repetição do sentido e na reiteração do gesto verbal, são formas de perpertuação histórica, são técnicas humanas, anteriores à roda, anteriores à possibilidade de a própria roda existir. Práticas de manutenção da vida - saberes, costumes, usos, valores - não simplesmente atravessam os tempos. Na grande maior parte da existência da espécie humana todas as coisas humanas se transmitiram oralmente, constituindo a imensidade de culturas, mantidas por um complexo de saberes que perduram na oralidade. Assim, a transmissão oral implica um complexo tanto de estratégias típicas, étnicas, comunitárias, como de estratégias comuns às culturas humanas. Na efetividade, as vozes de nossos avós são formas que se repetem por gerações e, por isso, atravessam as gerações humanas na voz de nossos netos. A voz familiar coletiva se passa é de “mãe pra filh' " e é assim que ela “atravessa o tempo”. Nossas vozes consomem, antes de mais nada, o leite das línguas maternas. As bocas de nossas mães avós tias primeiro nos ensinam a língua-gesto, a voz pressignificante, o líquido não escandido do som amado. Antes da língua adquirida, já aprendemos os primeiros “sotaques”, entendendo por este termo uma dimensão abrangente de inflexões da voz e escolhas gramaticais até hábitos mentais, gestos corporais e inclinações ideológicas. Esse primeiro “sotaque” tanto individualiza quanto coletiviza, produz identidades únicas entre semelhantes, efeito de comunidade, estratégias de vida. Quando uma identidade individual enramada nas vozes coletivas encontra caminhos para se narrar, ela faz literatura menor, no melhor sentido do termo, produz literatura de resistência, produz dissidência, indica rotas de fuga, devires.
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