A educação que nos convém: a reformulação do ensino e o golpe na educação durante a ditadura civil-militar
Palavras-chave:
Reformas educacionais, Ensino secundário/Ensino de 2º grau, IPES, Ditadura civil-militarResumo
No Brasil, o complexo IPES/IBAD/ESG, sustentou ideologicamente o regime civil-ditatorial, bem como os diversos setores do sistema econômico, cultural, social e político financiado por corporações nacionais e internacionais dentre elas mais de duzentas corporações estadunidenses. Os empresários brasileiros em parceria dos EUA contavam inclusive com a sua colaboração financeira no planejamento e execução orçamentária da educação que implementou uma política educacional que se tornou expressão de reordenação de controle social e político, focando sua atenção, sobretudo, no ensino de 2º grau e superior por conta da preocupação com a mão de obra qualificada que atendesse as demandas industriais e da administração aos moldes empresariais. Assim, no clímax do regime civil-militar, o Estado concebeu e empreendeu a reforma do Ensino Superior por meio da Lei nº 5.540/68 e, posteriormente, a do Ensino de 1º e 2º graus pela Lei de nº 5.692/71. O ponto de estrangulamento do sistema educacional era o acesso à universidade, o que proporcionou que a questão referente ao denominado 2º grau, fosse dotado de importância tal qual o ensino superior. O ensino de 2º grau sofreu inúmeras críticas sendo responsabilizado como fator contribuinte para a imobilidade social e um entrave para as novas demandas de desenvolvimento, seguindo o modelo empresarial, de legitimação do Estado tecnocrático sem a finalidade de desenvolver o conhecimento humanístico para a produção acadêmica, científica e cultural e sim, à burocracia de mercado pautada no rendimento, eficiência, meritocracia e produtividade.
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