Mal-estar docente na universidade mercantilista: novo negócio e antigo apartheid
DOI:
https://doi.org/10.22481/aprender.i31.13922Palavras-chave:
Universidade, Mercantilismo, ApartheidResumo
Os desafios evidenciados pela universalização dos direitos por meio do acesso à universidade mercantilista, que excede a questão da origem popular e/ou da tradicional oposição homogeneidade cultural versus heterogeneidade, colocam um conjunto de vicissitudes para o professor, que interroga a si mesmo e que considera digno ou ignóbil endereçar sua palavra professoral aos destinatários com o objetivo de possibilitar a vivência de uma experiência formativa. O nosso problema, como sociedade brasileira, consiste no fato de que instalamos nacionalmente o imaginário de que alguns são mais capazes, enquanto outros estão impossibilitados em razão de suas origens. Essa fantasia tanto orienta os professores, por meio de um raciocínio baseado em um apartheid sociopsicopedagógico, como serve de fundamento para algumas políticas inspiradas no caráter de exceção. Como resultado, são excluídas a dimensão desejante do professor e a implicação subjetiva do aluno em sua passagem pela experiência da vida universitária.
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