“MINHA VOZ ENROUQUECE”: A METONÍMIA NA POESIA DE BORIS PASTERNAK
DOI:
https://doi.org/10.22481/folio.v11i1.5110Palavras-chave:
linguagem poética; metonímia; vanguarda; violência; vozResumo
A coincidência da invenção da dicção futurista, da qual participa muito ativamente a poesia de Boris Pasternak, com a confirmação da eficácia prática dos discursos ideológicos e propagandísticos no tempo da revolução e da guerra, causou a ruptura da fronteira entre arte e vida, fazendo com que a linguagem poética passasse a ocupar um lugar incerto, próximo dos discursos da política e da religião. A encenação da voz que, além de ser marcada pelo sintoma afirma-se em seus aspectos de uma técnica do corpo, convencional e inscrita no âmbito de uma tradição cultural, torna-se o desafio do poema “Poesia”, traduzido no Brasil por Haroldo de Campos. Encenando uma voz que ganha sua eficácia no nível inferior da expressão, o texto aponta para uma perturbadora semelhança entre as características da voz do poeta da revolução e os desvios da enunciação pública de um discurso político. Henri Meschonnic insiste em sua crítica antropológica do ritmo na dimensão demagógica e na iminência do desnudamento do registro patológico inerentes a uma técnica do corpo por demais singularizada. A eficácia da palavra poética de Pasternak articulada pela metonímia aproxima-se, de fato, da palavra ideologicamente comprometida praticada no âmbito dos ritos e dos rituais e, nesse sentido, o poema “Poesia” leva à formulação de uma crítica de certas acepções do engajamento da literatura e da arte.
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