A MERCANTILIZAÇÃO DA CULTURA NA NARRAÇÃO DE RODRIGO S.M., EM A HORA DA ESTRELA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/folio.v12i2.7910

Palavras-chave:

A hora da estrela, Indústria cultural, Narrador

Resumo

Este artigo pretende entender como a configuração narrativa desempenhada pelo narrador-personagem Rodrigo S.M. formaliza o atuante paradigma da indústria cultural na composição estética e também a problemática da identidade nacional ao seguir as novas tendências sobre o uso da linguagem. A premissa da pesquisa se relaciona às dificuldades colocadas no momento da narração, as quais suscitam, para além da discussão da escrita de si e da alteridade, “o sentimento acabrunhador da posição em falso de tudo o que concerne à cultura brasileira”. (ARANTES, 1997, p.14). O romance A hora da estrela, em função do engenho narrativo, se faz importante no questionamento dos limites da representação artística e no estatuto ambíguo da condição brasileira, a revelar que “a vida no capitalismo tardio é um contínuo rito de iniciação. Todos têm de mostrar que se identificam integralmente com o poder de quem não cessam de receber pancadas” (ADORNO, 2006, p.127). Em função dos personagens, Rodrigo e Macabéa, o romance de Clarice Lispector aproxima o trabalho do escritor ao da datilografa, contribuindo para evidenciar o esvaziamento ideológico da sociedade industrial e a inserção da cultura na lógica do fetichismo e da mercantilização. Assim, essa análise refletirá sobre como o narrador, apesar da sua racionalização, está atrofiado na capacidade de narrar, reproduzindo a implacável ideologia das massas.

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Biografia do Autor

Bárbara Del Rio Araújo, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora efetiva do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).

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Publicado

2021-02-15

Como Citar

Del Rio Araújo, B. (2021). A MERCANTILIZAÇÃO DA CULTURA NA NARRAÇÃO DE RODRIGO S.M., EM A HORA DA ESTRELA. fólio - Revista De Letras, 12(2). https://doi.org/10.22481/folio.v12i2.7910

Edição

Seção

VERTENTES & INTERFACES I: Estudos Literários e Comparados