CULTURA E INTERCULTURALIDADE NUMA PERSPECTIVA MATERIALISTA
CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
DOI:
https://doi.org/10.22481/folio.v14i1.10436Palavras-chave:
Cultura; Ensino; Interculturalidade; Materialismo cultural; PLE.Resumo
Neste artigo, apresentamos nossa reflexão acerca do conceito de cultura e de interculturalidade no ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE), considerando que, muitas vezes, a metodologia de ensino de línguas adotada, no contexto de ensino-aprendizagem, apresenta um descompasso em relação aos pressupostos elaborados, nas últimas décadas, na área das ciências da linguagem, sobre o que significa aprender e ensinar uma língua estrangeira na perspectiva intercultural. Para tanto, nos apoiamos no materialismo cultural, proposto por Raymond Williams (1969 [1958]; 1988 [1977]; 1992; 2011 [1973]), com o objetivo de apontar as contribuições que seus postulados podem oferecer para o ensino de língua estrangeira, tendo em vista a relação que se estabelece entre língua-cultura. Por meio de uma metodologia interpretativa, o trabalho também relaciona o estudo da cultura materialista com o ensino intercultural proposto por Kramsch (1993; 2017 [2013]), para repensar o lugar que a cultura deve ocupar no ensino de língua estrangeira. Por fim, este artigo defende três condições essenciais, na perspectiva do materialismo cultural, para repensar o conceito de interculturalidade no ensino de PLE, a saber: a cultura é ordinária; a cultura é um processo social, histórico e ideológico; a cultura desperta o sentimento de solidariedade na relação que o sujeito estabelece com o outro, no processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira.
Downloads
Referências
CANALE, Michael. De la competencia comunicativa a la pedagogía comunicativa del lenguaje. In: ______. Competencia comunicativa: documentos básicos en la enseñanza de lenguas extranjeras. Tradução de Javier Lahuerta, Edelsa: Grupo Didascalia, 1995 [1989]. p. 63-81.
CASTILHO, Ataliba Teixeira de. Desafios para a promoção e a internacionalização da Língua Portuguesa. In: COLÓQUIO SOBRE A INTERNACIONALIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA: CONCEPÇÕES DE AÇÕES, 1., 2013. Mesa-redonda sobre “A língua portuguesa e suas perspectivas para o século XXI”. UFSC, 2013.p. 1-17.
CELADA, María Tereza. O que quer, o que pode uma língua? Língua estrangeira, memória discursiva, subjetividade. Letras, Santa Maria, v. 18, n. 2, p. 145–168, jul./dez. 2008.
CEVASCO, Maria Elisa Cevasco. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
EAGLETON, Terry. Versões de cultura. In: ______. A ideia de cultura. 2. ed. Trad. Sandra Castello Branco; Rev. Téc. Cezar Mortari. São Paulo: Ed.UNESP, 2011 [2000]. p. 9-50.
GLASER, André Luiz. Materialismo Cultural. 2008. 236f. Tese (Doutorado em Literatura Inglesa e Norte-Americana) –PPG-Letras, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
HENRY, Paul. Os fundamentos teóricos da “análise automática do discurso” de Michel Pêcheux (1969). In: GADET, Françoise; HAK, Toni (Org.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 4. ed. Campinas, São Paulo: Editora UNICAMP, 1997 [1969]. p. 13-38.
KRAMSCH, Claire. Context and culture in language teaching. Oxford: Oxford University Press, 1993.
______. Cultura no ensino de língua estrangeira. Tradução de Orison Marden Bandeira de Melo Júnior. Bakhtiniana, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 134-152, set./dez. 2017 [2013].
LEFFA, Vilson José. Metodologia do ensino de línguas. In: BOHN, Hilário; VANDRESEN, Paulino. Tópicos em linguística aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Editora da UFSC, 1988. p. 211-236.
______ . Ensino de línguas: passado, presente e futuro. Revistas de Estudos da Linguagem, v. 20, n. 2, p. 389- 411, 2012.
MENDES, Edleise. A perspectiva intercultural no ensino de línguas: uma relação “entre-culturas”. In: ALVAREZ, Maria Luisa Ortiz; SILVA, Kleber Aparecido da (Org.). Linguística Aplicada: múltiplos olhares. Brasília: UnB/Finatec; Campinas: Pontes, 2007. p. 119-139.
______. O português como língua de mediação cultural: por uma formação intercultural de professores e alunos de PLE. In: MENDES, Edleise (Org.). Diálogos interculturais: ensino e formação em português língua estrangeira. Campinas, São Paulo: Pontes Editores, 2011. p. 139- 158.
______. A ideia de cultura e sua atualidade para o ensino-aprendizagem de LE/L2. Entre Línguas, Araraquara, v. 1, n. 2, p. 203-221, jul./dez. 2015.
NÓBREGA, Maria Helena da. Ensino de português para nativos e estrangeiros: na prática, a teoria é outra. Linha d’Agua, v. 23, p. 20-33, 2010.
______. Políticas linguísticas e internacionalização da língua portuguesa: desafios para a inovação. Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, v. 24, n. 2, p. 417-445, 2016.
PÊCHEUX. Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 3.ed. Tradução de Eni P. Orlandi et al. Campinas, São Paulo: Editora UNICAMP, 1997 [1975]. p. 143-305.
WILLIAMS, Raymond. Cultura e Sociedade. Tradução de Leônidas H. B. Hegenberg, Octanny Silveira da Mota, Anísio Teixeira. Companhia editora nacional, 1969 [1958].
______. Marxismo y Literatura. Tradução de Pablo di Masso. Barcelona: Ediciones Península, 1988 [1977]. p. 21-31.
______. Cultura. Tradução de Lólio Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
______. Base e superestrutura na teoria da cultura marxista. In: ______. Cultura e materialismo. Tradução de André Glaser. São Paulo: Editora UNESP, 2011 [1973]. p. 43-68.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 fólio - Revista de Letras
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.