O GENOCÍDIO DE CANUDOS COMO TRAUMA E OS SERTÕES COMO RELATO TESTEMUNHAL

Autores

  • Zelina Márcia Pereira Beato Szachnowski Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc)
  • Aryadne Bezerra Araújo Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc)

DOI:

https://doi.org/10.22481/folio.v11i1.5141

Resumo

Este texto propõe uma leitura da obra mestra de Euclides da Cunha como um gesto testemunhal, que, como tal, manifesta a relação traumática entre escritor/testemunha e língua na representação do acontecimento traumático do genocídio do povoado de Canudos. Euclides atesta a “fragilidade da palavra” para traduzir as barbaridades cometidas pela república em nome de uma unidade nacional. Ao engendrar um jogo com a “fragilidade da palavra” para dar conta da violência de Estado que testemunha, Euclides transforma o que deveria ser um relato jornalístico em uma epopeia em prosa do genocídio sistematizado pela “civilização”, elaborando um monumento dessa ferida que, entre outras, permeia nossa história. O trauma inscrito em Os sertões não apenas atribui um aspecto testemunhal à obra, como também marca a escrita de tal modo que a tradução daquela barbárie em palavras não ocorre de forma tranquila. A escrita testemunhal, falando com Seligmann-Silva (2005, 2008), abala os limites entre história e literatura, memória e ficção. A escrita d`Os sertões não só abala esses limites como também é perturbada por eles, especialmente no que se refere à aporia entre a ambição de arquivo histórico e o inquietante espectro da ficção e da literatura. Os sertões, como argumentaremos, permanecem no lugar indecidível do testemunho. Lugar em que, segundo Derrida (2000), concorrem, sem ser possível decidir por um lado: a possibilidade de literatura ou uma verdade factual que a testemunha promete relatar.

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Biografia do Autor

Zelina Márcia Pereira Beato Szachnowski, Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc)

Doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Docente permanente do PPG em Letras: Linguagens e Representações da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Aryadne Bezerra Araújo, Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc)

Doutoranda do programa de pós-graduação em Letras - Linguagens e Representações, Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). Mestre em Letras: Linguagens e Representações, pela Uesc, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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Publicado

2019-08-24

Como Citar

Beato Szachnowski, Z. M. P., & Araújo, A. B. (2019). O GENOCÍDIO DE CANUDOS COMO TRAUMA E OS SERTÕES COMO RELATO TESTEMUNHAL. fólio - Revista De Letras, 11(1). https://doi.org/10.22481/folio.v11i1.5141

Edição

Seção

VERTENTES & INTERFACES I: Estudos Literários e Comparados