PAIXÃO, SUBVERSÃO E RASURA HISTÓRICA NO ROMANCE NO PAÍS DAS SOMBRAS (1979), DE AGUINALDO SILVA
DOI:
https://doi.org/10.22481/folio.v11i1.5155Keywords:
HeteronormatividadeAbstract
Nossa proposta visa a promover rasuras ao caráter heteronormativo da historiografia tradicional, utilizando o romance No país das sombras (1979), do escritor pernambucano Aguinaldo Silva. Aqui, lançamos olhares que reflitam acerca do ato ficcional, com desfecho (trágico) devido a um relacionamento amoroso entre dois soldados “del-rey”, condenados por conspiração contra a Coroa portuguesa. Buscamos identificar como o escritor traça paralelos entre esse caso ocorrido em Pernambuco, no século XVII, e a repressão sexual e política durante a ditadura hétero-civil-militar no Brasil (1964-1988). No romance em destaque, analisamos como ocorre a articulação entre as representações não aceitas pela moral vigente, tanto no passado mais remoto, quanto nos acontecimentos do século XX; cujas pulsões envolvem uma paixão fora do paradigma heteronormativo e conspiração política, quando entram em cena narrativas fundantes da construção da masculinidade, amparadas no militarismo, em defesa da pretensa moralidade da família brasileira. Dessa maneira, convocamos ao palco de nossa análise literária a identificação de fissuras aos mitos do passado, cujas sombras ainda se encontram projetadas no cenário nacional contemporâneo. Delineamos, no romance, a presença de um agenciamento, que se materializa por meio do ato subversivo da personagem Tália (uma cortesã), na articulação entre luxúria e solidariedade, colocando em evidência o questionamento de certa concepção de natureza (entendida como conjunto de regras “divinas” e inflexíveis: um produto acabado), ao encarnar personificação da natureza como “força” (processo não acabado, gerando possibilidades), tal como ocorre na paixão entre Antônio Bentes de Oliveira e Pedro Ramalho de Sá.
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