Como eu posso ser responsabilizado por isso? Reflexões sobre a branquitude como forma de pensar sobre a ideologia do racismo
DOI:
https://doi.org/10.29327/232521.9.1-5Keywords:
Branquitude, Ideologia Linguística, RacismoAbstract
Este trabalho surgiu como uma inquietação ao questionamento “Como posso ser responsabilizado por isso?” A referida pergunta foi feita por um membro do meu círculo familiar que me inquiriu sobre o fato de ter que ser responsabilizado ou não pelas atrocidades cometidas contra pessoas negras (NASCIMENTO, 2017). O pronome demonstrativo “isso” refere-se ao processo de escravidão vivenciado por homens e mulheres negras ao redor do mundo. Para esse parente, o sofrimento de pessoas negras não parece ter vínculo com as ações das pessoas brancas. Logo, tenho como objetivo central desse trabalho tecer considerações que embasem uma reflexão sobre o questionamento proposto. Para tanto, utilizar-me-ei dos suportes teóricos advindos dos estudos raciais (FANON, 2008; KILOMBA, 2019), da branquitude (CARONE; PIZA, 2014) e das ideologias linguísticas (EAGLETON,1997; PINTO, 2018). Munanga e Gomes (2016) explicam que a exploração de indivíduos negros no Brasil se intensificou através do tráfico negreiro. Por meio dessa nefasta brutalidade contra os indivíduos de cor, observa-se, até os dias de hoje, o quanto as pessoas negras ainda são marcadas pelas memórias coloniais (KILOMBA,2019). Através desse estudo busco refletir sobre a necessidade de pessoas brancas refletirem sobre o papel que possuem na luta contra o racismo (CARONE; PIZA, 2014). A branquitude deve ser vista como uma ferramenta para a minimização do racismo e a construção de uma consciência de pessoas brancas sobre os seus privilégios (CARONE; PIZA, 2014). É necessário também que se pense no racismo como uma ideologia linguística (EAGLETON,1997; PINTO, 2018). Nesse sentido, o racismo constitui-se como uma discursivização que se materializa na vida de pessoas negras por intermédio da linguagem. Por último, esse artigo científico constitui-se como um modo de reflexão a pergunta que me feita, não tenho como intuito apresentar dados, apenas pensar sobre a complexidade dessa inquirição.
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