Racismo, relações de poder e do lugar de fala da mulher negra na encenação literária
DOI:
https://doi.org/10.29327/232521.9.1-6Palavras-chave:
Discurso literário, Mulher Negra, Racismo, Poder, BranquitudeResumo
Esse artigo tem como tema o estudo do racismo, das relações de poder e do lugar de fala da mulher negra colocada em foco na encenação literária. Partimos do princípio de que, por meio de textos literários representativos da Literatura Negra, possamos contribuir para discussões sobre o racismo, o poder da branquitude, o lugar de fala e a linguagem como mecanismos de instauração de submissão/apagamento do negro/negra em nossa sociedade. Para dar conta de nossa proposta, examinamos o discurso literário Maria, materializado em Olhos d´água, por Conceição Evaristo, que problematiza condições de vivências negras, observadas pela autora. Objetivamos compreender, também, como o discurso literário de Conceição Evaristo projeta um enunciador, que coloca em cena sua relação com a história do negro no Brasil em confronto com as forças sociais produtoras de racismo como uma estratégia de poder do sujeito branco. Nossa investigação fundamenta-se no quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa (AD), nas perspectivas enunciativo-discursivas de Maingueneau (2018), que teoriza uma Análise do Discurso Literário por meio da interdisciplinaridade entre a Linguística e a Literatura. Essa posição de Maingueneau caracteriza-se por um empreendimento epistemológico em que a enunciação literária se instaura como um evento discursivo. Para dialogar com Maingueneau, trazemos autores que abordam a questão do negro, entre eles, Kilomba (2019), Cuti, (2010), Ianni (1988), Ribeiro (2017). Para produzirmos esse artigo, estudamos de Olhos d´ água, o discurso Maria, que selecionamos, para procedermos à análise, com base nas categorias enunciativo-discursivas adotadas. Os resultados da pesquisa mostram-nos que o racismo, o poder da branquitude, o lugar de fala e a linguagem estabelecem um apagamento da mulher negra em nossa sociedade.
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