Pode o/a subalterno/a(izado/a) pesquisar?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/redupa.v3.15043

Palavras-chave:

decolonialidade, pesquisa acadêmica, universidade

Resumo

Reenquadrando e ampliando a contribuição significativa de Spivak para a crítica decolonial, apresento algumas reflexões sobre a experiência de ser um pesquisador na periferia do mundo. Aqui, apelo à compreensão da subjetividade como base para conhecer experiências silenciadas e apagadas por perspectivas de conhecimento limitadas ao espectro da formalidade colonial que fundamenta as nossas universidades e as nossas pesquisas e pesquisadores.  Traço um caminho de desenvolvimento para o texto que está organizado em três tópicos: (1) Experiências da Periferia Global, (2) Decolonialidade e Pesquisa: entre o ideal e o real, e (3) Para que os/as sabalternizados/as possam pesquisar. Em síntese, é possível afirmar, com base nas teorias e conceitos discutidos neste texto, que a relação entre (de)colonialidade e pesquisa é complexa e repleta de violência simbólica, ou o chamado epistemicídio, e da necessidade de superá-la. A estrutura colonial das universidades ocidentais, tanto na periferia como no centro, impede que as epistemologias populares e marginalizadas sejam conhecidas e debatidas, alienando os investigadores e as suas pesquisas, e carregando elementos que perpetuam a colonialidade do conhecimento e do ser.

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Biografia do Autor

Arthur Cardoso de Andrade, Universidade Federal de Campina Grande - Brasil

Master’s student in Education at the Federal University of Campina Grande. Member of the Research Group on Society, Culture, and Education (CNPq/UFCG).

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Publicado

2024-08-12

Como Citar

ANDRADE, A. C. de. Pode o/a subalterno/a(izado/a) pesquisar?. Revista Educação em Páginas, Vitória da Conquista, v. 3, p. e15043, 2024. DOI: 10.22481/redupa.v3.15043. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/redupa/article/view/15043. Acesso em: 21 dez. 2024.