POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO: DE QUE CONHECIMENTO CIENTÍFICO ESTAMOS FALANDO?

Autores

  • Bonnie Axer Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira/ Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil https://orcid.org/0000-0002-2324-4417
  • Camila Costa Gigante Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira/Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil https://orcid.org/0000-0003-3825-0657
  • Nataly da Costa Afonso Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22481/rbba.v1i02.7792

Palavras-chave:

Conhecimento, Política Nacional de Alfabetização, Evidências Científicas, Currículo

Resumo

O presente artigo visa refletir sobre a compreensão de conhecimento que as políticas curriculares nacionais recentes tentam hegemonizar, especificamente a Política Nacional da Alfabetização (BRASIL, 2019). Nossa discussão dialoga com um entendimento de currículo enquanto produção ininterrupta de sentidos (LOPES; MACEDO, 2011), que envolve disputas de significações em uma negociação contingente e provisória. A política propõe uma alfabetização baseada em evidências científicas e, ao trazer “opiniões de especialistas”, apresenta um passo a passo de validação pela ciência, através de conceitos como literacia e numeracia, envolvidos na política e seus discursos. Defendemos que a alfabetização, e no geral a educação, são processos produzidos ininterruptamente na prática. Isso nos possibilita pensar que a produção do conhecimento auxilia na construção uma rede de resistências que visa combater uma perspectiva conservadora sobre a pretensão de implementação de um currículo normativo para a alfabetização. Por mais que a política pretenda controlar as significações, sempre haverá escapes, visto que o currículo está em constante e contingente produção.

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Publicado

2020-12-13

Como Citar

Axer, B., Gigante, C. C., & Afonso, N. da C. (2020). POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO: DE QUE CONHECIMENTO CIENTÍFICO ESTAMOS FALANDO?. Revista Binacional Brasil-Argentina: Diálogo Entre As Ciências, 9(02), 156-175. https://doi.org/10.22481/rbba.v1i02.7792