Das relações raciais à educação para as relações étnico-raciais no Brasil: alguns apontamentos
DOI:
https://doi.org/10.22481/sertanias.v3i2.12024Palavras-chave:
Educação antirracista, Interculturalidade, Lei 10.639/2003, Relações raciaisResumo
Neste artigo recuperamos algumas análises acerca das relações raciais em nosso país, no sentido de situar algumas questões que permeiam esse campo e reintroduzir o debate acerca da centralidade de uma educação para as relações étnico-raciais, proposta pelo Movimento Negro Unificado, sobretudo a partir da década de 1980, que resultou na promulgação da Lei 10.639/2003, que tornou obrigatória a inclusão da História da África e da Cultura Afro-Brasileira nos currículos das instituições de ensino da Educação Básica, sejam elas públicas ou particulares. Trata-se de um movimento de “enegrecimento da educação”, defendido por Silva (2010, 2011) e pelo Movimento Negro que, contemporaneamente, tem dialogado com a perspectiva de educação intercultural crítica e antirracista, conforme Oliveira e Candau (2010) e Oliveira (2012, 2018). Ressalta-se que as reflexões apresentadas foram construídas no decorrer da pesquisa de Santos (2022), defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
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