Itinerâncias etnográficas na comunidade do Mulungu: a festa como espaço de sociabilidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/sertanias.v1i1.8254

Palavras-chave:

Catolicismo rural, Festividade, Sociabilidade

Resumo

festa não é apenas um acontecimento folclórico, exótico, imutável, uma vez que ela é capaz de propiciar trocas de experiências entre indivíduos, reafirmando os laços de afetividades, religiosidade e pertencimento, sendo um espaço/lugar onde as pessoas se sentem vinculadas a um todo social, recriando vínculos através das comemorações sem ter uma obrigatoriedade em retribuir alguma coisa em troca dos possíveis encontros compartilhados nos momentos festivos. Logo, o Jiro do Reis e a festa em louvor a São Sebastião na comunidade do Mulungu constituem-se lugar de reunir, congregar pessoas as quais estão em constante movimento quando rezam, dançam e cantam no espaço sagrado da casa, afirmando a identidade de um grupo, uma comunidade, bem como contribuindo para a produção de uma grande quantidade de energia, que é redistribuída para todos os participantes num processo de metamorfose ao logo do tempo. Assim, busquei compreender o Jiro do Reis e a festa em louvor a São Sebastião como uma prática cultural que reestabelece o encontro e a fé, reforçando o pertencimento a uma religião quando os sujeitos se unem para celebrar a vida e os Santos. Com isso, a pesquisa de cunho Etnográfico foi a minha escolha metodológica, uma vez que parece ser o caminho que melhor traduz a rotina diária e os eventos especiais que nos levam a uma compreensão das redes de significações do real entre as festividades, as crenças, os modos de viver que são partilhados pelo sujeito e com seu grupo social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Eunice Rosa de Jesus, Universidade do Estado da Bahia

Doutora em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia. Professora adjunta da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Departamento de Ciência Humanas – CAMPUS V – Santo Antônio de Jesus, Bahia – Brasil. E-mail: mersilva@uneb.br Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6393-8579

Referências

AMARAL, Rita. As mediações culturais da festa. Rev. Mediações. Londrina, v.3, n.1, p. 13-22, Jan./Jun., 1998.

AMON, Denise; MENASCHE, Renata. Comida como Narrativa da Memoria Social. In: Sociedade e Cultura. Vol. 11, nº 1, jan/jun, 2008. p. 13-21.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Sacerdotes de viola: rituais religiosos do catolicismo popular em São Paulo e Minas Gerais. Petrópolis: Vozes, 1981.

_________. Os deuses do povo: um estudo sobre a religião popular. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.

________. A cultura da rua. Campinas: Papirus, 1989.

_________. Prece e Folia: festa e romaria. Aparecida, SP: Ideias& Letras, 2010.

BRANTES, Eloísa. A Espetacularidade da Performance Ritual no Reisado do Mulungu (Chapada Diamantina – Bahia). Religião e Sociedade. Rio de Janeiro, v.27, n.1, p.24-47. janeiro/julho, 2007.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. Trad. Sergio Miceli. São Paulo: Perspectiva, 2007.

CERTEAU, Michel de et al. A invenção do cotidiano: 2. morar, cozinhar.12.ed,.Trad. Ephraim F. Alves e Lúcia Endlich Orth. Petrópolis: Vozes, 2013.

DA MATTA, R. Sobre o simbolismo da comida no Brasil. O correio. Rio de Janeiro, v. 15, n. 7, p. 22, julho de 1987.

DEL PRIORE, Mary. Festas e Utopias no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2000.

DURKHEIM, Émile. As formas elementares de vida religiosa. 3ed. São Paulo: Paulus, 2008.

FERRETTI, Sergio F. Estudos sobre festas religiosas populares. In: MIRANDA, Nadja e RUBIM, Linda (Orgs.). Estudo da Festa. Salvador: Edufba, 2012. (Coleção CULT; n.11).

GEERTZ, C. A interpretação da cultura. 1ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples: cotidiano e história na modernidade anômala. 3ed. São Paulo: Contexto, 2012.

MACIEL, Maria Eunice. Cultura e Alimentação ou O Que Tem a Ver os Macaquinhos de Koshima Com Brillat-Savarin? Horiz. Antrop., Dez. 2001. Vol. 7, nº 16, p.145-156. ISSN 0104-7183. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ha/v7n16/v7n16a08.pdf. Acesso em 12/03/2015

MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a Dádiva. In: _____. Sociologia e Antropologia. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Cosac Naity, 2003.

MENDES, Eloísa Brantes. Do canto do corpo aos cantos da casa: performance e espetacularidade através do Reisado do Mulungu. Tese (Doutorado em Artes Cênicas). Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Universidade Federal da Bahia: Salvador, 2005.

PEREZ, Léa Freitas. Antropologia das efervescências coletivas. Dionísio nos trópicos: festa religiosa e barroquização do mundo – Por uma antropologia das efervescências coletivas. In:

PASSOS, Mauro (Org.). A festa na vida: significado e imagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

ROSA, Maria Cristina et al. Festa lazer e cultura. Campinas: Papirus, 2002.

REQUENA SANTOS, Félix. Amigos y Redes Sociales: elementos para una sociología de la amistad. Madri: Siglo XXI de España Edutores, 1994.

SIMMEL, G. Sociologia. MORAES FILHO, Evaristo (Org). Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática, 1983.

TINHORÃO. José Ramos. Cultura Popular: temas e questões. São Paulo: Editora 34, 2001

WEBER, Franz. Celebrar a vida: A cultura da festa nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). In: PASSOS, Mauro (Org.). A festa na vida: significado e imagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

Downloads

Publicado

2020-12-30

Como Citar

DE JESUS, M. E. R. Itinerâncias etnográficas na comunidade do Mulungu: a festa como espaço de sociabilidade. Sertanias: Revista de Ciências Humanas e Sociais, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 115-144, 2020. DOI: 10.22481/sertanias.v1i1.8254. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/sertanias/article/view/8254. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos