Neoliberalismo e a escola contemporânea: uma problematização do Programa Conta para Mim
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxisedu.v19i50.12319Palavras-chave:
escola pública, Programa conta para mim, racionalidade neoliberalResumo
Este artigo trata de um ensaio teórico que busca pensar o nosso presente, enfocando nas relações entre uma racionalidade neoliberal e o enfraquecimento do sentido público da educação. Nesse sentido, diagnostica-se a velocidade, as mídias digitais e a performatividade invadindo os modos de existência de alunos e professores em uma lógica de consumo, de superconcorrência e das avaliações em larga escala pautando os processos educativos. Para tanto, considera o Programa Conta para Mim, vinculado ao Plano Nacional de Alfabetização de 2019, como um forte sintoma da aliança entre um discurso neoliberal que enfraquece as políticas públicas e um discurso neoconservador moralizante, produzindo essa racionalidade que diminui a potência das práticas de leitura literária na escola como possibilidade de exercício de pensamento e de vida.
Downloads
Metrics
Referências
AVELINO, Nildo. Foucault, governabilidade e neoliberalismo. In: RESENDE, Haroldo de. Michel Foucault: política: pensamento e ação. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 163-178.
AZEREDO, José Clóvis. Escola Cidadã, mercoescola e a reconversão cultural. In: FERREIRA, Márcia Ondina Vieira; GUGLIANO, Alfredo Alejandro. Fragmentos da Globalização na Educação: uma perspectiva comparada. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. p.189-206.
BALL, Stephen. Educação global S.A.: novas redes políticas e o imaginário neoliberal. Ponta Grossa: UEPG, 2014.
BAUMAN, Zygmunt. Capitalismo parasitário: e outros temas contemporâneos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BIESTA, Gert. Para além da aprendizagem: educação democrática para um futuro humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 31 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação. MEC lança programa “Conta pra Mim” para incentivar a leitura para crianças no ambiente familiar. Brasília, 05 dez. 2019b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=83281%3Ameclanca-programa-conta-pra-mim-para-incentivar-a-leitura-de-criancas-no-ambientefamiliar&catid=12. Acesso em: 11 nov. 2022.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Decreto no 9.765, de 11 de abril de 2019. Institui a Política Nacional de Alfabetização. Brasília, DF: 11 abr. 2019a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9765.htm. Acesso em: 22 jul. 2022.
CORDEIRO, Maisa B. da Silva. Políticas Públicas de fomento à leitura no Brasil: uma análise (1930-2014). Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 43, n. 4, p. 1477-1497, out./dez. 2018. DOI: 10.1590/2175-623675138. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edreal/a/WbBCbJNVTSp4jqT8P4T5c9f/abstract/?lang=pt. Acesso em: 11 nov. 2022.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo. São Paulo: Boitempo, 2016.
DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. In: DELEUZE, Gilles. Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. p. 223-231.
DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. 23 ed. Campinas: Papirus, 2012.
DUSSEL, Inês. Sobre a precariedade da escola. In: LARROSA, Jorge (org.). Elogio da
escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2018. p. 87-111.
EM MANIFESTO, educadores questionam programa ‘Conta pra Mim’. Publishnews, 21 out. 2020. Disponível em: https://www.publishnews.com.br/materias/2020/10/21/em-manifesto-educadores-questionam-programa-conta-pra-mim. Acesso em: 25 nov. 2022.
FAILLA, Zoara (org.). Retratos da leitura no Brasil. Rio de Janeiro: Sextante, 2021. v. 5.
GANDIN, Luís Armando; HYPOLITO, Álvaro Moreira. Reestruturação educacional como construção social contraditória. In: GANDIN, Luís Armando; HYPOLITO, Álvaro Moreira. Educação em tempos de incertezas. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 59-92.
GATTI, Bernardete Angelina; BARRETTO, Elba Siqueira de Sá; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de; ALMEIDA, Patrícia Cristina Albieri de. Professores do Brasil: novos cenários em formação. Brasília: UNESCO, 2019.
GENTILI, Pablo. Como reconhecer um governo neoliberal? Um breve guia para educadores. In: SILVA, Luiz H. da; AZEVEDO, José C. de. Reestruturação curricular: teoria e prática no cotidiano da escola. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 128-137.
GRACIANO, Mariângela; HADDAT, Sérgio. Educação em tempos de pandemia. In: STEFANO, Daniela; MENDONÇA, Maria Luisa. (org.). Direitos Humanos no Brasil 2020: relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. São Paulo: Outras Expressões, 2020. p. 205-210.
HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017.
HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Declaração: isto não é um manifesto. São Paulo: N-1 Edições, 2014.
KLAUS, Viviane; LEANDRO, João Abel Pasini. Diálogos entre neoliberalismo, política e Educação: docência em pauta na América Latina. Conjectura Filosofia e Educação, Caxias do Sul, v. 25, n. dossiê, p. 240-257, abr. 2020. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7423484. Acesso em: 13 nov. 2022.
LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2019.
LAZZARATO, Maurizio. Signos, máquinas, subjetividades. São Paulo: Edições Sesc São Paulo: N-1 Edições, 2014.
LEANDRO, João Abel Pasini. Pensamentos (neo)liberais sobre educação: uma análise da produção discursiva do Instituto de Estudos Empresariais (1994-2020). 2021. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo/RS, 2021.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2010.
MINISTRO diz que há plantações de maconha em universidades; reitores criticam ataques e retórica agressiva. Portal G1, 22 nov. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/11/22/ministro-diz-que-ha-plantacoes-de-maconha-em-universidades-reitores-criticam-ataques-e-retorica-agressiva.ghtml. Acesso em: 15 nov. 2022.
MONTAÑO, Sonia. A construção do usuário na cultura audiovisual do YouTube. Revista Famecos, Porto Alegre, v. 24, n. 2, maio/ago. 2017. DOI: 10.15448/1980-3729.2017.2.25256. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/25256/15213. Acesso em: 10 maio 2022.
MORAIS, Artur Gomes de. Análise crítica da PNA (Política Nacional de Alfabetização) imposta pelo MEC através de decreto em 2019. Revista Brasileira de Alfabetização, Belo Horizonte, v. 1, n. 10, p. 66-75, jul./dez. 2019. Disponível em: http://revistaabalf.com.br/index.html/index.php/rabalf/article/view/357/253. Acesso em: 05 jan. 2022.
PETIT, Michèle. Ler o mundo: experiências de transmissão cultural nos dias de hoje. São Paulo: Editora 34, 2019.
RÖHRS, Hermann. Maria Montessori. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Massangana, 2010.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda., 1998.
SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: A escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
SILVA, Roberto Rafael Dias da. A crise como operador estratégico e a emergência de novas figuras subjetivas: escolarização juvenil e a arte de governar neoliberal. In: RESENDE, Haroldo de (org.). Michel Foucault: a arte neoliberal de governar e a educação. São Paulo: Intermeios, 2018. p. 195-210.
SOUZA, Antônio Lisboa Leitão. Estado e Educação Pública: Tendências Administrativas e de Gestão. In: OLIVEIRA, Dalila Andrade. Política e Gestão da Educação. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 91-105.
VEIGA-NETO, Alfredo. Currículo: um desvio à direita ou Delírios avaliatórios. In: COLÓQUIO SOBRE QUESTÕES CURRICULARES, 10., ; COLÓQUIO LUSO BRASILEIRO DE CURRÍCULO, 6., 2012, Belo Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte: FAE- UFMG, 2012.
VEIGA-NETO, Alfredo. Pensar a escola como uma instituição que pelo menos garanta a manutenção das conquistas fundamentais da Modernidade. In: VORRABER, Marisa. A escola tem futuro? Rio de Janeiro: DP&A, 2003. p. 103-126.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Práxis Educacional
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.
Você é livre para:
Compartilhar - copia e redistribui o material em qualquer meio ou formato; Adapte - remixe, transforme e construa a partir do material para qualquer propósito, mesmo comercialmente. Esta licença é aceitável para Obras Culturais Livres. O licenciante não pode revogar essas liberdades, desde que você siga os termos da licença.
Sob os seguintes termos:
Atribuição - você deve dar o crédito apropriado, fornecer um link para a licença e indicar se alguma alteração foi feita. Você pode fazer isso de qualquer maneira razoável, mas não de uma forma que sugira que você ou seu uso seja aprovado pelo licenciante.
Não há restrições adicionais - Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros para fazer qualquer uso permitido pela licença.