Desafios e possibilidades para a Educação em Ciências em tempos de crise civilizatória: repensando os atuais caminhos
DOI:
https://doi.org/10.22481/riduesb.v8i1.11722Palabras clave:
Ensino de ciências, Saberes/fazeres docentes, Formação de professores de Ciências, Emergência planetáriaResumen
Neste ensaio objetivamos discutir os principais desafios e possibilidades para o ensino de ciências relacionados à dimensão científico-tecnológica numa perspectiva crítica que contribua com a construção de uma sociedade justa, solidária e sustentável. Desse modo, evidenciamos desafios que se interpõem entre as práticas de ensino de ciências oriundas de métodos puramente habituais e uma verdadeira práxis pedagógica que possa contribuir para a transformação crítica da realidade. Nessa perspectiva, destacamos alguns caminhos incorporados em cinco novas demandas interdependentes que marcam de maneira singular o momento em que vivemos, quais sejam: a) problematização de ideologias e visões limitadas da própria ciência em sua relação com a realidade; b) superação do cientificismo e da perspectiva anticientífica; c) enfrentamento das dimensões capitalistas, patriarcais e colonialistas na própria construção e desenvolvimento da ciência e tecnologia; d) constituição de tessituras e relações dialógicas entre saberes/fazeres críticos que compartilham de premissas semelhantes voltadas à superação dos dilemas e contradições sociais que vivenciamos, e e) incorporação de uma dimensão ética no ensino de ciências. Sinalizamos, portanto, novos horizontes no contexto de uma Educação em Ciências que seja capaz de colaborar para o necessário enfrentamento da crise civilizatória que vivenciamos.
Descargas
Citas
ALBUQUERQUE, N. F.; ROCHA FILHO, J. B. As pandemias contemporâneas e a ética no ensino de ciências. Debates em Educação, Maceió, v. 14, n. 34, p. 324-349, jan./abr. 2022.
AULER, D.; DELIZOICOV, D. Investigação de temas CTS no contexto do pensamento latino-americano. Linhas Críticas, v. 45, n. 21, p. 275-296, 2015.
BIZZO, N. Ciências: Fácil ou Difícil? São Paulo: Biruta, 2009.
BRITTO, D. M. C.; MELLO, I. C. Ensino de Ciências na Era da Pós-verdade: considerações acerca do discurso presente em Fake News. REAMEC – Revista da Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, Cuiabá, v. 10, n. 1, jan/abr. 2022.
CACHAPUZ, A.; GIL-PEREZ, D.; CARVALHO, A. M. P. DE; PRAIA, J.; VILCHES, A. A necessária renovação do ensino das ciências. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
CANDAU, V. M. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, v. 13 n. 37, p. 45-56, jan./abr., 2008.
CARVALHO, A. M. P.; GIL-PÉREZ, D. Formação de professores de ciências: tendências e inovações. 6. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: Fundamentos e Métodos. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2018.
DUARTE, N. Vygotsky e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vygotskiana. 2. ed. rev. e ampl. Campinas: Autores Associados, 2001.
FARIAS, I. M. S; SALES, J. O. C. B.; BRAGA, M. M. S. C.; FRANÇA, M. S. L. M. Identidade e fazer docente: aprendendo a ser e a estar na profissão. In: Didática e Docência: aprendendo a profissão. 3ª ed., nova ortografia. Brasília: Líber Livro, 2011.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
FREIRE, A. M. Educação para a paz segundo Paulo Freire. In: Revista Educação. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: PUC/RS, ano XXIX, n.2, s/p., Maio/Agosto, 2006.
GARCIA, C. M. A identidade docente: constantes e desafios. Formação Docente, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 109-131, ago./dez., 2009.
GIL-PÉREZ, D. MONTORO I. F.; ALÍS, J. C.; CACHAPUZ, A.; PRAIA, J. Por uma imagem não deformada do trabalho científico. Ciência & Educação, Bauru, v. 7, n. 2, p. 125-153, 2001.
GUIMARÃES, M.; CÁRTEA, P. A. M. Há rota de fuga para alguns, ou somos todos vulneráveis? A radicalidade da crise e a educação ambiental. Revista Eletrônica Ensino, Saúde e Ambiente, v. 1, p. 21-43, 2020.
JUNGES, A. L.; ESPINOSA, T. Ensino de ciências e os desafios do século XXI: entre a crítica e a confiança na ciência. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 37, n. 3, p. 1577-1597, dez., 2020.
KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Harper & Harper, 2008.
LOUREIRO, C. F. B. Trajetórias e Fundamentos da Educação Ambiental. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2012.
LUZ, R.; ALMEIDA, R. O. Dimensões de Ciência e Tecnologia na obra Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire. In: XIII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências - ENPEC em Redes., 2021, Caldas Novas (GO). Anais do XIII ENPEC, 2021, p. 1-7.
MALDONADO-TORRES, N. Transdisciplinaridade e decolonialidade. Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, p. 75-97, 2016.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. Trad. Rubens Enderle, Nélio Schneider e Luciano Cavini Martorano. São Paulo: Boitempo, 2007.
MIGNOLO, W. D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 1-18, 2017.
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Trad. Eloá Jacobina. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
PARRAT-DAYAN, S. Ensino de ciências hoje: quais os avanços? Schème – Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, Marília, v. 9, Número Especial, p. 70-92, jul. 2017.
REIS, P. Desafios à Educação em Ciências em Tempos Conturbados. Ciência & Educação, Bauru, v. 27, e21000, 2021.
RODRIGUES, A. R. de S. Educação Ambiental em tempos de transição paradigmática: entrelaçando saberes “disciplinados”. Ciência & Educação, Bauru, v.20, n.1, p. 195-206, 2014.
RODRIGUES, V. A. B.; VON LINSINGEN, I.; CASSIANI, S. Formação cidadã na educação científica e tecnológica: olhares críticos e decoloniais para as abordagens CTS. Revista Educação e Fronteiras, Dourados, v. 9, p. 71-91, 2019.
SALLES-FILHO, N. A. Educação para a Paz: saberes necessários para a formação continuada de professores. In: Kelma Socorro Lopes de Matos, Verônica Salgueiro do Nascimento, Raimundo Nonato Júnior. (Org.). Cultura de Paz: do conhecimento à sabedoria. Fortaleza: Editora Universidade Federal do Ceará, 2008, v. 1, p. 102-119.
SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos estudos - CEBRAP, São Paulo, n. 79, p. 71-94, 2007.
SANTOS, B. S. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Almedina, 2020.
SILVÉRIO, V. R; TRINIDAD, C. T. Há algo novo a se dizer sobre as relações raciais no Brasil contemporâneo? Educação & Sociedade, Campinas, v. 33, p. 891-914, 2012.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
TONET, I. Atividades educativas emancipadoras. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 9, n.1, p. 9-23, 2014.
VIANNA D. S.; CARVALHO A. M. P. Do fazer ao ensinar ciência: a importância dos episódios de pesquisa na formação de professores. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 1-22, 2001.
VILELA, M. L.; SELLES, S. E. É possível uma Educação em Ciências crítica em tempos de negacionismo científico? Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 37, n. 3, p. 1722-1747, dez. 2020.
VILCHES, A.; GIL PÉREZ, D.; PRAIA, J. De CTS a CTSA: educação por um futuro sustentável. In: SANTOS, W. L. P.; AULER, D. (Orgs). CTS e educação científica: desafios, tendências e resultados de pesquisas. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2011.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Revista de Iniciação à Docência
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.