Função social das Escolas do Campo nos tempos atuais: alguns apontamentos

Resumo

Neste artigo recuperamos algumas reflexões sobre a função social das Escolas do Campo, no intuito de situar questões imprescindíveis no combate à visão neoliberal e na reconstrução das finalidades das escolas em consonância com a origem social dos estudantes e com as problemáticas atuais da vida humana. Ressalta-se que as análises apresentadas foram construídas no decorrer da pesquisa de Amaral (2023), defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Ensino, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), que teve como lócus uma Escola do Campo localizada na cidade. Os apontamentos se fundamentam nos estudos de Arroyo (2012), Bueno (2001), Caldart (2004, 2011, 2020), Fernandes (2011), Mészáros (2008), Martins e Neves (2012), Libâneo (2016), Souza (2018), Freire (1996) e Freitas (2019). Tais autores evidenciaram que a função social das Escolas do Campo não pode ser descolada dos desafios do tempo presente e do contexto dos sujeitos da ação educativa. Assim, o papel da escola deve se distinguir pela origem social dos estudantes, afastando-se da lógica em que se reproduz os interesses do sistema capitalista, pois ele destrói o sentido social mais elementar e coloca as unidades de ensino reféns das normas do mercado, em que prevalecem a meritocracia, a competitividade, a seletividade, a produção de resultados, o controle e o cumprimento de metas. Ademais, é preciso aprender com os movimentos sociais organizados, visto que eles exercitam os jovens a desenvolverem formas de organização escolar democráticas, inclusivas e cooperativas; além da vivência de lutas coletivas por um projeto de mudança social.