Documentos feitos, garantias desfeitas? A trajetória de registros a partir de uma etnografia documental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/poligs.v3i2.11355

Palavras-chave:

Etnografia de documentos, Prisão Domiciliar, Moralidades

Resumo

O intuito desse trabalho é compreender como documentos normativos podem ser trabalhados e analisados ao suscitar emaranhados de discursos, categorias, classificações, significados, simbolismos e representações sobre os universos que pretendem regular. A partir da etnografia de documentos, conjugada com etnografias sobre o sistema de justiça criminal, foram resgatados arquivos que tratam do direito à prisão domiciliar para mulheres-mães-presas com filhos de zero a doze anos a fim de analisá-los em conexão, entendendo que são documentos produzidos pelo Estado, a partir de processos decisórios regulados e ritualizados pelo próprio Estado. Dessa forma, foi possível perceber que não só a formulação desses documentos, como também sua aplicabilidade, não é absoluta e universal, mas também carregada de moralidades e sujeita às interpretações singulares a depender da situação.

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Biografia do Autor

Letícia Sales, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutoranda em Antropologia, UFF; UFF – Brasil; Programa de Pós Graduação em Antropologia; GEPADIM/INCT InEAC, Bolsista CAPES/CNPq.

Lucia Eilbaum, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutora em Antropologia, UFF;  UFF – Brasil; Professora dos Programas de Pós-graduação em Antropologia; Programa de Pós Graduação em Justiça e Segurança; GEPADIM/INCT InEAC.

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Publicado

2022-12-27

Como Citar

SALES, L.; EILBAUM, L. . Documentos feitos, garantias desfeitas? A trajetória de registros a partir de uma etnografia documental. Revista de Políticas Públicas e Gestão Educacional (POLIGES), [S. l.], v. 3, n. 2, p. 13-38, 2022. DOI: 10.22481/poligs.v3i2.11355. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/poliges/article/view/11355. Acesso em: 20 abr. 2024.