Sexualidade, biopoder e governo: acionamentos no projeto político pedagógico de um curso de medicina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v19i50.13166

Palavras-chave:

biopoder, formação medica, sexualidade

Resumo

Há mais de uma década o Brasil se mantém como o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênero, Transexuais e Travestis, Queer, Intersexo, Assexuais +) e a violência se estende aos espaços de saúde, ocupado por profissionais que ainda fazem uma abordagem heterocisnormativa, demosntrando despreparo e preconceito. Partindo deste reconhecimento do presente, gostaria de voltar ao passado para investigar a cruzada moral promovida pelo saber médico na criação das normas da sexualidade humana e a presença de heranças desta invenção na formação médica na atualidade. Meu foco será a análise documental que governa as condutas acadêmicas, inspirada nas teorizações de Michel
Foucault. Mostrarei o contexto e modos como a sexualidade foi inventada, definida e situada entre o normal e o patológico pelos discursos médicos e, a partir disto, proponho identificar os corpos e sexualidades acionados neste PPC, que atua como manifestação do biopoder na formação médica.

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Biografia do Autor

Fabíola Jundurian Bolonha, Universidade Federal de Campina Grande - Brasil

Doutora em Educação pela UFS. Docente do curso de Medicina na UACV/CFP/UFCG. Líder do grupo MedQueer - Contribuição de autoria: autora.

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Publicado

2023-08-01

Como Citar

BOLONHA, F. J. Sexualidade, biopoder e governo: acionamentos no projeto político pedagógico de um curso de medicina. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 19, n. 50, p. e13166, 2023. DOI: 10.22481/praxisedu.v19i50.13166. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/13166. Acesso em: 27 abr. 2024.