O GLOBAL E O LOCAL NA CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA PARA O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i39.6361Palavras-chave:
Formação de professores/as, Educação emancipatória, Ensino da História e Cultura Africana e Afro-BrasileiraResumo
O objetivo deste artigo é refletir sobre possibilidades da formação de professores em uma perspectiva de educação crítica e emancipatória. Parte-se de práticas de pesquisa realizadas pela Licenciatura e pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Maranhão, que se voltam ao continente africano, especialmente Moçambique, na África Austral;e a intervenções junto à Educação Básica em escolas públicas da capital maranhense. O fio condutor é o debate da relação entre escalas global e local na produção de conhecimento e formas de intervenção no mundo, na qual são constituídos espaços subalternos de poder, saber e modos de fazer, característico do atual momento de globalização contemporânea. Nessa perspectiva, reflete-se sobre a inserção do conhecimento local nos currículos de Moçambique e suas possíveis contribuições para a implementação da Lei nº 10.639/2003 no Brasil, uma vez que partem da mesma necessidade de romper com a lógica do currículo único e eurocêntrico.
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