EM RESGATE DA HONRA, DOS VALORES FAMILIARES E DO FORTALECIMENTO DA NAÇÃO: LIGA DA DEFESA NACIONAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i38.5991

Palavras-chave:

Fortalecimento da nação, Instrução popular, Liga da Defesa Nacional

Resumo

A constituição da “moderna” ordem republicana associava-se à ideia de representatividade, de parceria, engajamento, socialização de um espaço, de uma causa, de um movimento de agentes sociais em disputa pela construção de uma identidade nacional. A década de 1910 no Brasil é marcada por uma fase de desestabilização social, representada pelo protagonismo de uma parcela da sociedade politicamente ativa, hegemônica, que se apoiava no discurso de transformação do país. Nessa direção, ampliava-se o envolvimento dos setores militares e de intelectuais pertencentes às instituições sociais de prestígio, como o IHGB, a ABL, alinhados a esses setores. Com o intuito de se problematizar espaços e agências sociais responsáveis pelo processo educativo, o estudo das Ligas nesse período sinaliza a existência de organizações que se articulam para a defesa nacional, a organização do trabalho e a propagação da instrução popular. Propõe-se investigar a Liga da Defesa Nacional (LDN), pela análise dos discursos e dos efeitos de verdade que produz (FOUCAULT, 2001), por via das notícias disseminadas na imprensa carioca, buscando-se compreender o seu papel a partir de diferentes versões da história (CHALHOUB, 2012). À frente desse movimento, destaca-se a liderança de Olavo Bilac, tendo na associação uma ideia de programa social, “com vistas antes de cuidar da educação cívica, buscar na instrução primária, profissional e na militar, mudar a face das coisas” (O PAIZ, 28/10/1915, p.01). Entre seus propósitos, buscava-se o combate ao anarquismo, ao estrangeirismo, aos comícios e às greves, na tentativa do resgate da honra, dos valores familiares e do fortalecimento da nação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Cíntia Borges de Almeida, Universidade Estadual de Santa Cruz - Brasil

Professora da Universidade Estadual de Santa Cruz/ UESC – Brasil; Departamento de Ciências da Educação (DCIE); membro integrante do Grupo de Pesquisa Infância, Juventude, Leitura, Escrita e Educação (GRUPEEL).

Márcia Cabral da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Brasil

Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ UERJ – Brasil; Programa de Pós- graduação em Educação (ProPEd); coordenadora do Grupo de Pesquisa Infância, Juventude, Leitura, Escrita e Educação/CNPQ (GRUPEEL).

Referências

ABREU, Regina. História de uma coleção: Miguel Calmon e o Museu Histórico Nacional. In: Anais do Museu Paulista. São Paulo, v.2, p.199-233, jan./dez. 1994.

ALMEIDA, Cíntia Borges de. Um paíz de poucas lettras? Experiências de educabilidade, instrução obrigatória e analfabetismo na “Cidade Maravilhosa” (1900-1922). Tese (Doutorado em Educação). Universidade do Estado do Rio de Janeiro: UERJ, Rio de Janeiro, 2018.

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. Tradução Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

AZEVEDO, André Nunes. A grande reforma urbana do Rio de Janeiro: Pereira Passos,
Rodrigues Alves e as ideias de civilização e progresso. Mauad X, 2016.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 7.ed. São Paulo: Hucitec, 1995.

BILAC, Olavo. A Defesa Nacional: discursos. Rio de Janeiro: Edição da Liga da Defesa Nacional, 1917.

______. A Civilização. In: BILAC, Olavo; NETTO, Coelho. Contos Pátrios. Moral e Cívica. 27. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1931, p. 56.

BRASIL. Liga Brasileira contra o Analfabetismo, 1941. Obras Gerais. Localização: II – 291, 4, 15.

CAMARA, Sônia. Por uma Ação Preventiva da Infância: as Conferências de Higiene Infantil do Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro (1901 a 1907). XXVII Simpósio Nacional de História – ANPUH: Natal/ RN, 2013.

CAPELLA, Leila Maria Correa. As malhas de aço do tecido social: a revista “A Defesa
Nacional” e o serviço militar obrigatório. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal Fluminense, Niterói: 1985.

CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim. 3.ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2012.

DOCKHORN, Gilvan Veiga. Quando a ordem é segurança e o progresso é desenvolvimento (1964-1974). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1994. (v. 1).

FOUCAULT, Michel. A Verdade e as Formas Jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2001.

GOMES, Ângela de Castro. Pedro Lessa (reflexões sobre o conceito de história). In: NICOLAZZI, Fernando. História e Historiadores no Brasil (do fim do império ao alvorecer da República – c. 1870-1940). Porto Alegre: EdiPUCRS, 2015.

HANSEN, Patrícia Santos. Infância como projeto. Nacionalismo, sensibilidades e etapas da vida em Olavo Bilac. Simpósio Nacional de História. São Paulo: 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIAA E ESTATÍSTICA. Recenseamento Geral do Brasil (01 de setembro de 1920). Série Nacional, v.IV, 4º Censo geral da população e 1º da agricultura e das indústrias. Rio de Janeiro: Typografia da Estatística, 1929. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv31687.pdf. Acesso: 07 abr. de 2017.

LICHTERBECK, Philipp. Brasil, um país do passado. Deutsche Welle, 28 nov.2018. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/brasil-um-pa%C3%ADs-do-passado/a-46477566>. Acesso em: 02 jan. 2019.

MAIA, Gustavo; MOTOMURA, Marina. Em tom ufanista, Bolsonaro adota slogan "Pátria Amada Brasil". Uol, 04 jan.2019. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/01/04/bolsonaro-slogan-patria-amada-brasil.htm>. Acesso em: 05 jan. 2019.

MENONCELLO, Aline Michelini. A escolha de Pedro Lessa: João Francisco Lisboa, o
historiador patriótico. Simpósio Nacional de História: Florianópolis, 2015.

NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na Primeira República. 2.ed. São Paulo, EPU; Rio de Janeiro, Fundação Nacional de Material Escolar, 1976.

NOFUENTES, Vanessa Carvalho. Um desafio do tamanho da Nação: a campanha da Liga
Brasileira contra o analfabetismo (1915-1922). 2008. Dissertação de Mestrado em História
Social da Cultura, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

NUNES, Clarice. Publicizando uma prática: a avaliação de trabalhos de história da
educação. Educação em Questão, v.24, n.10, p.91-109, set./dez. 2005.

O IMPARCIAL. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/107670_02/1445. Acesso em 04 jan. 2018.

O MALHO. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/116300/32733. Acesso em 04 jan. 2018.

O PAÍZ. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/178691_04/29565. Acesso em 04 jan. 2018.

PAIVA, Vanilda Pereira. Educação popular e educação de adultos: contribuição à história da educação brasileira. São Paulo: Edições Loyola, 1973 (Temas Brasileiros II/ IBRADES).

PATTO, Maria Helena Souza. Estado, ciência e política na Primeira República: a desqualificação dos pobres. Estudos Avançados, n.13. p.167-198, 1999.

RANQUETAT JÚNIOR, Cesar Alberto. A Campanha Cívica de Olavo Bilac e a criação da Liga da Defesa Nacional. In: Publ. UEPG Humanit. Sci.,Linguist., Lett. Arts, Ponta Grossa, v. 19, n. 1, p. 9-17, jan./jun. 2011.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia e política educacional no Império brasileiro. VI Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, 2006.

SILVA, Shayenne Schneider. Mestre das palavras: missão educativa de Coelho Netto na política, na imprensa e nas escolas. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade do Estado do Rio de Janeiro: UERJ, Rio de Janeiro, 2017.

VICTORINO, Juliana Leone. Wenceslau Braz e a política café com leite: estratégias de comunicação e marketing político que o elegeram presidente da República do Brasil. 102 f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Metodista de São Paulo: São Bernardo do Campo, 2012.

Downloads

Publicado

2020-01-01

Como Citar

DE ALMEIDA, C. B.; DA SILVA, M. C. EM RESGATE DA HONRA, DOS VALORES FAMILIARES E DO FORTALECIMENTO DA NAÇÃO: LIGA DA DEFESA NACIONAL. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 16, n. 38, p. 112-139, 2020. DOI: 10.22481/praxisedu.v16i38.5991. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/5991. Acesso em: 23 nov. 2024.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)