Civismo, raça e pátria no livro didático “A Grande Patria Brazileira”
Palavras-chave:
Nação, Civismo, Livro didáticoResumo
O objetivo deste texto é analisar as ideias de civismo e raça na construção do sentido da história pátria por Antônio Alexandre Borges dos Reis, no seu livro didático “A Grande Pátria Brazileira”, publicado em 1917 para ser utilizado no ensino primário. A intenção é entender obra/autor no seu contexto de produção e identificar no discurso didático os caminhos de construção de tradições cívicas e patrióticas escolhidas para serem lembradas pela juventude brasileira. Para tanto, recorremos a análise do conteúdo da obra, relacionando-o com referências bibliográficas. Inicialmente apresentamos os capítulos e o caminho percorrido pelo autor na narrativa da história brasileira, identificando os elementos simbólicos e conceituais que fundamentam sua visão de história e de mundo. Em seguida analisamos o rol de personagens por ele citados e descritos, homens considerados dignos de lembrança, que é matéria do último capítulo, no sentido de entender as escolhas e justificativas do autor na seleção exposta sobre a temática. O exame de “A Grande Patria Brazileira” confirma a relação entre memória e nação identificada nos livros didáticos de história deste período. Confirmando seu papel na manutenção e difusão de discursos nacionalistas a obra apresenta uma narrativa que delimita um território onde se desenrola a história da nação. História que transmite a ideia de coletividade e harmonia, logo, os conflitos de classes ou de raça quando não são habilmente substituídos, aparecem distantes de suas repercussões sociais mais profundas, e tem seus beneméritos líderes destacados e apontados como modelo cívico. A narrativa de Borges dos Reis, ao elencar os modelos que a mocidade da grande pátria brasileira deve seguir, deixa de fora uma série de personalidades que não seriam adequadas a sua apresentação de uma sociedade harmônica. Mesmo personalidades cultuadas pelo movimento republicano histórico, como Tiradentes e Frei Caneca, não aparecem de forma destacada no livro de Borges dos Reis. Fica então a questão do engajamento e envolvimento do autor com o movimento republicano na Bahia. A obra analisada nos faz considerar que Borges dos Reis defendeu um republicanismo no qual a raça era um tema minimamente incômodo.
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