Adoecimento e silêncio: sentidos do não dizer em pesquisas narrativas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v20i51.15563

Palavras-chave:

hospitalização, narrativas, silêncio, não dizer

Resumo

O texto resulta de pesquisa sobre narrativas e afastamento da escola, centrando-se na análise de percepções de crianças e familiares em situação de hospitalização. Centra-se na experiência vivenciada durante as entrevistas com uma das participantes, em que o silêncio se fez marcante e levou-nos a aprofundar discussões sobre o não dizer em pesquisas narrativas. A pesquisa realizada é do tipo qualitativa e narrativa, por trabalhar com o universo dos significados, crenças, valores e atitudes do sujeito, assim como das percepções dos entrevistados, suas reflexões sobre sua condição, dificuldades encontradas nas vivências com a hospitalização, reações, gestos e como expressa suas experiências através do desenho. O que não se esperava era encontrar tão grande dificuldade com o ato de narrar. Esse processo acabou por impulsionar a reflexividade (auto)biográfica, principalmente por parte de quem estava ali para escutar. Quatro pessoas participaram do estudo, mas aqui refletiremos sobre a participação de uma adolescente de 14 anos, hospitalizada há mais de um mês, com vistas a entender como o seu “não dizer” é impregnado de sentidos e, assim como o dizer, faz parte de uma história, de um processo identitário abalado pelo adoecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Emília Karla de Araújo Amaral, Universidade do Estado da Bahia – Salvador, Bahia

Mestre em Educação e doutoranda do Programa de Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia - UNEB; professora da UNEB (Campus IX); bolsista PAC; membro do Grupo de Pesquisa (Auto)Biografia, Formação e História Oral

Contribuição de autoria: autora.

Elizeu Clementino de Souza, Universidade do Estado da Bahia, Salvador - Brasil

Pós-Doutor pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo; Pós-doutorado/Estágio Sênior na Universidade de Paris 13-França. Doutor em Educação pela UFBA. Professor e Pró-reitor de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG/UNEB). Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1B CA-ED/CNPq.

Contribuição de autoria: orientador / coautor

Referências

AMIRALIAN, Maria Lúcia Toledo. Psicologia do excepcional. São Paulo: EPU, 1986.

AURELIANO, Waleska de Araújo. Narrativas de adoecimento e alternativas textuais: o câncer de mama em quadrinhos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 39, n. 6, e00049323, Mar. 2023. DOI: 10.1590/0102311XPT049323. Disponível em: https://cadernos.ensp.fiocruz.br/site/artigo/2014/narrativas-de-adoecimento-e-alternativas-textuais-o-cancer-de-mama-em-quadrinhos. acessos em 07 Nov, 2024.

BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990.

BROCKMEIER, Jens; HARRÉ, Rom. Narrativa: problemas e promessas de um paradigma alternativo. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 525-535, 2003. Disponível em https://www.scielo.br/j/prc/a/8z4tybyPwGwyfgfsVBQMXgH/abstract/?lang=pt. Acesso em: 13 de outubro de 2021.

BRUNER, Jerome. Atos de significação. Tradução de Sandra Costa Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

COSTA, Conceição Leal da; PASSEGGI, Maria da Conceição; ROCHA, Simone Maria da. Por uma escuta sensível de crianças com doenças crônicas. Rev. Educação, Santa Maria, v. 45, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao. Acesso em 16 de novembro de 2020.

DELORY-MOMBERGER, Christine. A experiência da doença: um tocar do existir. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 25, n. 46, maio/ago. 2016, p.25-31. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/download/2698/1827. Acesso em: 12 de dezembro de 2021.

FONTANA, Roseli Aparecida Cação. Contar a vida – possibilidades e contribuições dos relatos de experiências e das histórias de vida para o estudo dos processos de formação de professores. In: SOUZA, Elizeu Clementino (org.). Autobiografias, histórias de vida e formação: pesquisa e ensino. Porto Alegre: EDIPUCRS/EDUNEB, 2006.

HEIDEGGER, Martin. Todos nós... ninguém: um enfoque fenomenológico do social. São Paulo: Moraes, 1981.

KONDRATIUK, Carolina Chagas. “Só” cuidar? Corpo sensível e aprendizagem no cuidado doméstico de crianças. 2021. Tese (Doutorado em educação). Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – École Doctorale Pratiques et Théories du Sens de l’Université Paris 8 Vincennes-Saint-Denis, 2021.

LANI-BAYLE, Martine. L’ Enfant et Son Histoire: Vers Clinique Narrative. Èrés, 1990.

MARANHÃO, Andreia Pagani; MORAES, Betanea Moreira. Estranhamento de si – o adoecimento como sintoma. Temáticas, Campinas, v. 28, n. 55, p. 163-194, fev./jun. 2020. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas/article/view/14159/9266. Acesso em: 13 de setembro de 2024.

NIEWIADOMSKI, Christophe. Pesquisa biográfica, clínica narrativa e análise da relação com a escrita. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 22, n. 40, p. 119-130, jul./dez. 2013. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/download/7443/4806/. Acesso em: 01 de junho de 2022.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História. São Paulo: PUC-SP. N° 10, p. 12. 1993.

ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas: UNICAMP, 2002.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise do discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2005.

PASSEGGI, Maria da Conceição; SOUZA, Elizeu Clementino. O Movimento (Auto)Biográfico no Brasil: Esboço de suas Configurações no Campo Educacional. Revista Investigación Cualitativa, v. 2, n. 1, p. 6-26, 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/317673701_O_Movimento_AutoBiografico_no_Brasil_Esboco_de_suas_Configuracoes_no_Campo_Educacional/link/61def023323a2268f99d7be7/download. Acesso em: 08 de fevereiro de 2022.

PASSEGGI, Maria da Conceição; FURLANETTO, Ecleide Cunico; CONTI, Luciane de; Chaves, Iduina Edite Mont´Alverne; GOMES, Marineide de Oliveira; GABRIEL, Gilvete Lima e ROCHA, Simone Maria da. Narrativas de crianças sobre as escolas da infância: cenários e desafios da pesquisa (auto)biográfica. Educação, Santa Maria, v. 39, n. 1, p. 85-104, jan./abr., 2014. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br. Acessado em 08 de junho de 2022.

PASSEGGI, Maria da Conceição; OLIVEIRA, Roberta Ceres; CUNHA, Luciana Medeiros da. Constituição de fontes para a pesquisa qualitativa em educação: grupo reflexivo de mediação biográfica e quadro de escuta. Investigação Qualitativa em Educação. v. 1, 2018. Disponível em: https://proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2018/article/view/1693/1645. Acesso em 14 de setembro de 2023.

PATERLINI, Ana Carolina Carvalho Rocha; BOEMER, Magali Roseira. A reinserção escolar na área de oncologia infantil – avanços & perspectivas. Rev. Eletr. Enf. v.10, n. 4, p. 1152-8, 2008. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n4/v10n4a28.htm Acesso em: 23 de fevereiro de 2022.

PINEAU, Gaston. A autoformação no decurso da vida: entre a hetero e a ecoformação. In: NÓVOA, Antônio; FINGER, Matthias (org.). O método (Auto)biográfico e a formação. Natal: EDUFRN, São Paulo: Paulus, 2010.

REIS, Róbson Ramos dos. A abordagem fenomenológico-existencial da enfermidade: uma revisão. Nat. hum. v.18, n.1, São Paulo, 2016. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100007. Acesso em: 26 de junho de 2021.

RIBEIRO DO VALLE, Luiza Elena L; MATTOS, Maria José Viana Marinho de. Adolescência: as contradições da idade. Rev. Psicopedagogia, v. 28, n. 87, p. 321-323, 2011.

ROCHA, Simone Maria da. Narrativas Infantis: o que nos contam as crianças de suas experiências no hospital e na classe hospitalar. 2012. 163 p. Dissertação (mestrado em educação). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Educação. Programa de Pós-graduação em Educação. Natal, 2012.

SARMENTO, Manuel Jacinto. Sociologia da infância: correntes e confluências. In: SARMENTO, Manuel Jacinto; GOUVÊA, Maria Cristina Soares de (org.). Estudos da Infância: educação e práticas sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

SCHILDER, Paul. A imagem do corpo; as energias construtivas da psique. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

SOUZA, Elizeu Clementino de. Existir para Resistir: (Auto)Biografia, narrativas e aprendizagens com a doença. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 25, n. 46, p. 59-74, maio/ago. 2016. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/faeeba/v25n46/0104-7043-faeeba-25-46-00059.pdf. Acesso em: 02 de setembro de 2022.

SOUZA, Elizeu Clementino de; DELORY-MOMBERGER, Christine. Narrativas, educação e saúde: o sujeito na cidade. Linhas Críticas, v. 24, e 20274. Universidade de Brasília, 2018. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/20274. Acesso em: 03 de novembro de 2021.

VYGOTSKY, Lev Semionovitch; LURIA, Alexander Romanovich. Estudos sobre a história do comportamento: símios, homem primitivo e criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

Downloads

Publicado

2024-11-11

Como Citar

AMARAL, E. K. de A.; SOUZA, E. C. de. Adoecimento e silêncio: sentidos do não dizer em pesquisas narrativas . Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 20, n. 51, p. e15563, 2024. DOI: 10.22481/praxisedu.v20i51.15563. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/15563. Acesso em: 21 dez. 2024.