PARENTESCO, ORALIDADE E APRENDIZAGEM ENTRE VENDEDORES DE FOLHAS NA FEIRA DE SÃO JOAQUIM (SALVADOR)
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxis.v15i31.4671Palavras-chave:
Aprendizagem. Tradição oral. Plantas rituais.Resumo
A Feira de São Joaquim (Salvador/BA) centraliza o mercado e a distribuição de plantas, aqui chamadas folhas, a que são atribuídas eficácias mágico-religiosa e terapêutica, desempenhando papel central em rituais e práticas da religiosidade afro-brasileira, notadamente no candomblé. Produzidas e comercializadas por extrativistas (majoritariamente mulheres), horticultores e raizeiros, tais folhas são negociadas em grandes quantidades e variedades diretamente por quem as produz, num local da feira chamado Pedra, em transações mercantis que ocorrem durante poucas horas na madrugada, fazendo circular grandes quantidades de folha no mercado regional. As folhas resultantes de coleta (extrativismo) são produzidas hegemonicamente por mulheres, que as colhem em áreas naturais e manchas florestais remanescentes no entorno de Salvador e interior do Estado, as organizam em
grandes fardos, as levam ao mercado, onde as vendem diretamente aos consumidores. Nessas
atividades, é comum a participação de familiares, sobretudo crianças e adolescentes, que as
acompanham em todas as etapas produtivas, o que envolve processos de aprendizagem que se baseiam
em transmissão intergeracional e oral do conhecimento étnico-referenciado sobre as plantas e seus
usos e abrangem aspectos da sociabilidade na feira. Este artigo decorre de pesquisa de campo e
observa, dentre outros elementos, a proeminência das relações de parentesco entre os agentes sociais
da produção e circulação e aspectos que permitem aproximações com o contexto dos mercados
africanos tradicionais.
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