O (Novo) Ensino Médio na visão dos alunos: rastros da racionalidade neoliberal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v17i48.9086

Palavras-chave:

Ensino Médio, Neoliberalismo, Escola pública

Resumo

O artigo examina relações entre a educação contemporânea e a racionalidade neoliberal. Em especial, analisa enunciações de discentes sobre a escola e sobre o Ensino Médio, tendo em vista a implementação do Programa Novo Ensino Médio (PNEM). O referencial teórico advém de conceitos discutidos por Michel Foucault, Masschelein e Simons e Dardot e Laval. A parte empírica realizou-se em uma instituição de ensino pública estadual de uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre – RS, em 2018. O material escrutinado é constituído por questionários respondidos por estudantes que frequentavam o Ensino Médio. A estratégia analítica utilizada para operar sobre o material orientou-se pela análise do discurso, como compreendido por Foucault. O exame mostrou que a racionalidade neoliberal tem conduzido as condutas escolares na atualidade. Dentre os rastros captados, destaca-se: a empregabilidade posta como foco do Ensino Médio; a competitividade e a performatividade pensadas como prerrogativas à conquista dos melhores resultados e a necessidade de reforma premente, tanto institucional quanto individual. Assim, conclui-se que o jogo contemporâneo marcado pelas lógicas neoliberais produz formas de vida escolares sustentadas pelos princípios da concorrência, aperfeiçoamento e autopromoção, fazendo com que os alunos se tornem empresários responsáveis por seu sucesso ou fracasso.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Gicele Weinheimer, Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul - Brasil

Licenciada em Filosofia (UFRGS) e Mestre em Educação (UFRGS). Professora da Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul 

Fernanda Wanderer, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Brasil

Doutora em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Brasil; Integrante do GIPEMS – Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação Matemática e Sociedade.

Referências

BALL, Stephen James. Performatividades e fabricações na economia educacional: rumo a uma sociedade performativa. Educação & Realidade, v. 35, n. 2, p. 37-55, maio/ago. 2010.

BALL, Stephen James. Educação Global S. A: novas redes políticas e o imaginário neoliberal. Ponta Grossa: UEPG, 2014.

BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Cultura da performatividade, expertise e os desencaixes da escola. In: SARAIVA, Karla.; MARCELLO, Fabiana de Amorim (Org.). Estudos Culturais e educação: desafios atuais. Canoas: Ed. ULBRA, 2012. p.157-171.

BRASIL. Lei nº 13.145, de 16 de fevereiro de 2017. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 2017.

CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault – Um percurso pelos temas, conceitos e autores. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

CHAER, Galdino.; DINIZ, Rafael Rosa Pereira; RIBEIRO, Elisa Antônia. A técnica do questionário na pesquisa educacional. Evidência, v. 7, n. 7, p. 251-266, 2011.

DARDOT, Pierre.; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo. São Paulo: Boitempo, 2016.

FOUCAULT, Michel. Ditos & Escritos II – Arqueologia das ciências e histórias dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. Portugal: Edições 70, 2010.

MASSCHELEIN, Jan; SIMONS, Maarten. Em defesa da escola: uma questão pública. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

NOGARA JUNIOR, Gilberto. Articulações entre o Banco Mundial e a reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017). Teias, v.20, n.56, p. 346-351, jan/mar. 2019.

OLIVEIRA, Ramon. A reforma do Ensino Médio como expressão da nova hegemonia neoliberal. Educação Unisinos, v.24, p. 1-20, 2020.

PEIXOTO, Paulo. Ética e regulação da pesquisa nas Ciências Sociais na sociedade do consentimento. Educação, v. 40, n. 2, p.150-159, maio/ago. 2017.

REVEL, Judith. Michel Foucault: conceitos essenciais. São Carlos: Claraluz, 2005.

SALES, Shirlei. Etnografia+netnografia+análise do discurso: articulações metodológicas para pesquisar em Educação. In: MEYER, Dagmar Estermann.; PARAÍSO, Marlucy Alves (Org.). Metodologias Pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2014. p. 214-229.

SCHUTZ, Jenerton Arlan; COSSETIN, Vânia Lisa Fischer. Orfandade instituída e legalmente amparada: reflexões críticas sobre o ‘novo’ Ensino Médio brasileiro. Educação Unisinos, v. 23, p. 209-224, abr/jun. 2019.

SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

SILVA, Elenita Pinheiro de Queiroz; SILVA, Marcelo Soares Pereira. Docência, reformas curriculares e formação docente no Ensino Médio. Linhas, v. 20, n. 43, p. 161-183, maio/ago. 2019.

SILVA, Roberto Rafael Dias; SILVA, Denilson.; VASQUES, Rosane de Fátima. Políticas curriculares e financeirização da vida: elementos para uma agenda investigativa. Revista de Estudos Curriculares, v. 9, nº 1, p.5-23, 2018.

SOUZA NETO, Alaim. Ensino Médio em disputa: tensões engendradas em torno do currículo. Revista e-Curriculum, v.17, n.3, p. 1263-1287 jul./set. 2019.

VEIGA-NETO, Alfredo Foucault & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

Downloads

Publicado

2021-10-01

Como Citar

WEINHEIMER, G.; WANDERER, F. O (Novo) Ensino Médio na visão dos alunos: rastros da racionalidade neoliberal. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 17, n. 48, p. 517-535, 2021. DOI: 10.22481/praxisedu.v17i48.9086. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/9086. Acesso em: 18 abr. 2024.