Currículo de Sergipe e governamentalidade neoliberal: tragando almas, produzindo sujeitos-coachizados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v20i51.13001

Palavras-chave:

currículo, sujeito, governamentalidade, habilidades socioemocionais

Resumo

A partir de memórias de uma das autoras, analisamos como o Currículo de Sergipe (CSE) aponta prescrições para produzir sujeitos. Assim, tecemos analises, aqui chamadas de matutâncias, problematizando documentos e tecnologias produtoras do que denominamos de currículo-coach, compreendendo o funcionamento e mecanismos pelos quais produzem-se subjetividades, e acessam-se as almas dos indivíduos, tornando-os sujeitos-coachizados. Analisamos o CSE e atividades relacionadas a ele: cursos de formação docente, conversas de WhatsApp e cadernos de Projeto de Vida. Evidenciamos como o currículo prescreve a necessidade de que todos/as da escola sejam cuidadores de si, com a versatilidade de lidar com fatores emocionais. O governamento neoliberal, por estratégias da força da normatização documental, acessa a alma dos sujeitos fazendo-os acreditar que isso é o melhor para seguirem suas vidas. Além disso, docentes são convidados e adentram nessa racionalidade, sem questionar, operando em si mesmos verdades, atuando como multiplicadores desse processo de coachização de sujeitos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Tássia Alexandre Teixeira Bertoldo, Universidade Federal de Sergipe - Brasil

Doutora em Educação pela UFS. Docente Visitante na Universidade Federal de Sergipe RENOEN. Gestora Escolar Seduc Sergipe. Membro do Grupo de Pesquisa Educação Matemática e Ensino de Ciências – GPEMEC. Contribuição de autoria: autora

Rosa Virginia Oliveira Soares de Melo, Universidade Federal de Sergipe - Brasil

Doutora em Educação pela UFS. Auxiliar em administração da Universidade Federal de Sergipe. Contribuição de autoria: autora

Referências

AQUINO, Júlio Groppa; RIBEIRO, Cyntia Regina. Processos de Governamentalização e a

Atualidade Educacional: a liberdade como eixo problematizador. Educação & Realidade, Porto Alegre , v. 34, n. 02, p. 57-71, ago. 2009 . Disponível em http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-31432009000200005&lng=pt&nrm=iso Acesso em: 10 jan. 2023

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192

Acesso em: 10 jan. 2023

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site Acesso em: 10 jan. 2023

CLAPAREDE, Edouard. La educación funcional. Madrid: Biblioteca Nueva, Ministerio de educación y Ciencia, 2007.

CANDIOTTO, César. A governamentalidade política no pensamento de Foucault. Filosofia Unisinos, [s. l.], v. 11, n. 1, p. 33–43, 2010. DOI: 10.4013/fsu.2010.111.03. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/filosofia/article/view/4632. Acesso em: 10 jan. 2023

CARDOSO, Lívia de Rezende. Queremos saber, queremos viver: governo do cotidiano no currículo experimental. Currículo sem fronteiras, v. 18, n. 3, p. 943-962, 2018. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol18iss3articles/cardoso.pdf Acesso em: 15 dez. 2022

DAMASCENO, Bianca dos Santos. A sociedade contemporânea e seus meios de competência: uma crítica ao coaching à luz da teoria psicanalítica. Trivium - Estudos Interdisciplinares, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 131-132, dez. 2011. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-48912011000200020&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 06 jul. 2023.

FOUCAULT, Michael. A Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense, 1986.

FOUCAULT, Michael. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

FOUCAULT, Michael. Em defesa da sociedade. São Paulo. Martins Fontes, 2008.

FOUCAULT, Michael. História da Sexualidade I: a vontade de saber. São Paulo: Graal, 2010.

FREITAS, Josí Aparecida; BUENO, Marisa Fernanda da Silva. Reforma do Ensino Médio: uma política neoliberal para o (auto)governo da educação brasileira. Teoria e Prática da Educação, [s. l.], v. 21, n. 2, p. 71–83, 2018. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/45350. Acesso em: 10 dez. 2022

GADELHA, Sylvio. Biopolítica, governamentalidade e educação: introdução e conexões, a partir de Michel Foucault. Belo Horizonte: Autêntica 2009.

GADOTTI, Moacir. Novas perspectivas para a educação. Revista Pátio, Porto Alegre: Grupo A, n. 41, fev./abr, 2011.

GARCIA, Maria M. A. Pedagogias Críticas e Subjetivação: uma perspectiva foucaultiana. Petrópolis: Vozes, 2002.

MARÍN-DIAZ, Verônica. La Gamificación educativa. Una alternativa para la enseñanza

creativa. Digital Education Review [s.l.], n. 27, jun. 2015. Disponível em: https://revistes.ub.edu/index.php/der/article/view/13433 Acesso em: 01 dez. 2022

NASCIMENTO, Clarice Antunes do. Do governo dos homens ... e das almas. Revista Brasileira de Educação [s.l.], n. 23, e230014, 2018. DOI: 10.1590/S1413-24782018230014 Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/RXggjDQmV36VRSXNzMhpgKs/#ModalHowcite Acesso em: 01 dez. 2022

PARAÍSO, Marlucy Alves. Política da subjetividade docente no currículo da mídia educativa brasileira. Educação e Sociedade. [s. l.], v. 27, n. 94, p. 91–115, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302006000100005&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 20 nov. 2022

PICOLI, Bruno Antônio. Base Nacional Comum Curricular e o canto da sereia da educação

normalizante: a articulação neoliberal-neoconservadora e o dever ético-estético da resistência. Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos en Política Educativa, [s. l.], v. 5, p. 1–23, 2020. DOI: 10.5212/retepe.v.5.15036.007 Disponível em: https://www.revistas2.uepg.br/index.php/retepe/article/view/15036. Acesso em: 20 nov. 2022

PORVIR. Secretaria de Estado da Educação. Currículo de Sergipe. Rede Estadual do Estado de Sergipe/ Secretaria de Estado da Educação. SEED-SE. Aracaju, 2018.

REIS, Homero. Coaching ontológico: a doutrina fundamental. Brasília: Thesaurus, 2011.

RESENDE, Haroldo de. Michael Foucault: a arte neoliberal de governar e a educação – São Paulo: Intermeios; Brasília: Capes/CNPq, 2018.

SARAIVA, Karla. Formação de professores nas tramas da rede: uma prática de governamentalidade neoliberal. Em Aberto, Brasília: INEP, v. 23, n. 84, p. 123-137, nov, 2010. Disponível em: https://emaberto.inep.gov.br/ojs3/index.php/emaberto/article/view/2471. Acesso em: 20 nov. 2022

SERGIPE. Currículo de Sergipe Etapa Ensino Médio. Versão para consulta pública. Observatório de Educação – Instituto Unibanco. Julho a agosto, 2020. Disponível em: https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/ Acesso em: 20 dez. 2022

WOLK, Leonardo. A arte de soprar brasas em ação. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008.

YUTANG, Lin. A importância de compreender. São Paulo: Ciclo do Livro, 2004. 458p.

Downloads

Publicado

2024-07-10

Como Citar

BERTOLDO, T. A. T.; MELO, R. V. O. S. de. Currículo de Sergipe e governamentalidade neoliberal: tragando almas, produzindo sujeitos-coachizados. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 20, n. 51, p. e13001, 2024. DOI: 10.22481/praxisedu.v20i51.13001. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/13001. Acesso em: 21 nov. 2024.